https://www.youtube.com/watch?v=mr1qPTxi0k0
Desafios da educação em tempos online
Cláudia Mesquita
"Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade, e a humanidade em angelitude" Emmanuel (Fonte Viva, 1956)
Diante das grandes transformações vividas nas ultimas décadas discute-se o papel da família e da escola diante das novas realidades políticas sociais, culturais e econômicas. O homem acreditou que a razão resolveria todos os embates da humanidade. Hoje além do grande avanço da ciência, estamos diante de uma transformação, a partir das novas tecnologias, que supera a Revolução Industrial. O homem criou um imenso imaginário no que refere ao Século XXI, como se ao raiar o sol do Terceiro Milênio todos os problemas se resolveriam. No entanto, constatamos que vivemos a era do conhecimento e também a era das incertezas. Inclusive no que se refere à educação. Neste sentido a fala de Pires remete a esta inquietação quando afirma:
A Educação Clássica greco-romana formou o cidadão, o homem vinculado à cidade e suas leis, servidor do Império; a Educação Medieval formou o cristão, o homem à Igreja, à autoridade desta e aos regulamentos eclesiásticos; a Educação Renascentista formou o gentil-homem, sujeito às etiquetas e normas sociais, apegado à cultura mundana; a Educação Moderna formou o homem esclarecido, amante das Ciências e das Artes, céptico em matéria religiosa, vagamente deísta em fase de transição para o materialismo; a Educação Nova formou o homem psicológico do nosso tempo, ansioso por se libertar das angústias e traumas psíquicos do passado, substituindo o confessionário pelo consultório psiquiátrico e psicanalítico.
Não é mais possível educar as gerações novas segundo nenhum dos tipos anteriores de Educação. (PIRES.. http://www.dihitt.com.br/barra/-formacao-do-novo-homem,).
O Terceiro Milênio abriu suas portas trazendo transformações profundas: a globalização, o avanço tecnológico, a informação instantânea, mudanças no conceito de família, no mundo do trabalho, na economia e na sociedade como um todo:
A passagem de século, de milênio, não se restringe a mudanças tecnológicas e econômicas. Há um sentimento que coincide com a passagem de época, de civilização. Há um clima de profundas transformações, de modo que não podemos mais falar somente em mudanças conjunturais, mas em mudanças estruturais; não mais em mudança na civilização, mas mudança de civilização. (ROSSATO, 2006, p.43)
Vivemos uma crise global o crescimento demográfico onde a renda é mais baixa e as consequências do progresso colocando em risco a vida no planeta. Estas questões repercutiram no que é ser criança hoje e trazem muitas inquietações. Cabe-nos entender o contexto desta nova infância e cabe-nos uma difícil adaptação. Entender que vivemos uma difícil e palpável revolução de costumes mexe com nossas convicções e nos faz rever conceitos, valores e formas de relacionamento que não entendemos. È trabalho de adultos inteligentes procurar caminhos criativos para cuidar das crianças do nosso tempo. (FROSI, 2010)
A criança e o jovem dos nossos dias nos parecem mais espertos e inteligentes porque já nascem num mundo digital, informatizado, sob muitos estímulos. As crianças e jovens dos séculos passados viviam no espaço da família e da escola e os de hoje tem nas mídias e nas relações sociais (seja relações numa boa escola ou ambiente de trabalho) outros espaços de aprendizado, muito maior acesso a informação, boa ou ruim.
Na sociedade contemporânea, percebemos que o espaço da criança é restrito. O capitalismo criou situações difíceis para a criança. O modelo econômico concentrado conseguiu maximizar desvios que jamais haviam atingido níveis tão dramáticos, com consequências fatais: de um lado a criança da classe média sobrecarregada atividades e pouca convivência familiar e de outro as crianças pobres desenvolvendo as mais variadas atividades de trabalho.
Este início de século XXI se caracteriza por movimentos de transformações constantes, transitoriedade, descartável, virtualidade. Já designado como "era do conhecimento", onde a informação é instantânea, é também, era de incertezas. A grande problemática do Século XXI são as tensões entre: o global o local, universal e singular, tradição e modernidade, soluções a curto e longo prazo, entre o espiritual e material (DELORS, 2003).
Fica claro que o grande desafio da educação em tempos online é a redescoberta do humano, a redescoberta de que a educação quando parte do homem contribuí para seu desenvolvimento e o traz para o centro do processo. O autoconhecimento o permitirá descobrir seu lugar, construir uma sociedade digna, justa, igualitária. A grande tarefa da educação do século XXI é, enfim, humanizar-se.
O Relatório Jaques Delors (2003), sobre a educação do século XXI surgiu a partir de um exercício de reflexão da Comissão Internacional sobre a educação para o Século XXI promovida pela UNESCO. Iniciado em março de 1993 e concluído em setembro de 1996. Identificando tendências e necessidades, destacaram-se um novo conceito de educação e os quatro pilares básicos deste novo conceito. Hoje passados 20 anos, os 4 pilares do conhecimento sugeridos pelo Relatório continuam não apenas atuais, mas urgentes:
● Aprender a ser: desenvolver a personalidade de cada ser humano, buscando a capacidade da ação com autonomia, discernimento e responsabilidade social.
● Aprender a aprender: trata-se da necessidade de se aprender a lidar com os saberes dentro de uma cultura geral vasta, selecionando as informações em situações específicas ao longo de toda vida.
● Aprender a fazer: processo de aprendizagem que não se restringe à qualificação profissional, mas promovam a incorporação de competências que tornem as pessoas aptas às diferentes situações de trabalho e às atividades coletivas.
A tecnologia que trouxe grandes avanços e proporcionou progressos na saúde, prolongou a estimativa do tempo de vida, diminui as distancias, tornou a informação instantânea, trouxe mais conforto e comodidade. Esta mesma tecnologia afastou as pessoas, tornou as relações superficiais. Temos mil amigos nas redes sociais, mais raros laços de afeto verdadeiro. A mesma tecnologia que proporcionou a descoberta da cura de várias doenças, de novos medicamentos para amenizar outras é a mesma que aumentou os casos de bullying, pedofilia, tráfico humano e até duelos online, onde grupos marcam pela rede seus encontros para exaltar a violência.
A partir desta breve reflexão fica a ideia de que a educação em tempos online deve preparar o ser humano para uma sociedade em constante transformação, resgatar a memória da condição humana, conscientizar que somos responsáveis pelo futuro de todos e que todos são um povo: "gente com identidade, espiritualidade e sentido de vida comum" (ESQUÌVEL in ROSSATO, 2006, p.146).
Quando muitos pais falam em educação pensam em boas escolas, preparar os filhos para o vestibular, oportunizar que seja "alguém na vida". No entanto, mesmo no meio espírita, estas ideias ainda se relacionam a uma profissão rendosa. Muitos ajuntam ainda: "para que tenham tudo o que não tive". E mais uma vez recorremos a Pires:
Não é mais possível educar as gerações novas segundo nenhum dos tipos anteriores de Educação. Daí a rebeldia que vemos nas escolas, a inquietação da juventude, insatisfeita com a ordem social e cultural, ambas obsoletas, em que se encontram. A Educação Espírita se impõe como exigência dos tempos. Só ela poderá orientar os espíritos para a formação do homem novo, consciente de sua natureza e de seu destino, bem como de pertencer à Humanidade cósmica e não aos exíguos limites da humanidade terrena. Só ela pode nos dar, nesse homem novo, a síntese de todas as fases da evolução anterior, numa formulação superior. Porque o homem espírita – ou o homem consciente – que essa nova Educação nos dará, será ao mesmo tempo o cidadão, o cristão, o gentil-homem, o homem esclarecido e o homem psicológico, mas na conjugação de todos esses elementos numa dimensão espiritual e cósmica. Com isso não queremos dizer que toda a Humanidade se converta ao Espiritismo, mas tão somente que os princípios fundamentais do Espiritismo serão as coordenadas do futuro, marcando o âmbito conceptual e ético da nova formação educacional. Não foi necessário que toda a Humanidade se convertesse ao Cristianismo para que os princípios deste remodelassem o mundo. O mesmo acontecerá com o Espiritismo. A função da Educação Espírita é portanto a de abrir perspectivas novas ao processo educacional, adaptando-o às necessidades novas que surgiram com o desenvolvimento cultural e espiritual do homem.
(PIRES http://www.dihitt.com/barra/-formacao-do-novo-homem)
A internet e todas as novas tecnologias que surgem a todo o momento são ferramentas neutras o seu uso bom ou mal depende de nós. E a educação continua essencial. Tanto as redes sociais, como a maioria das escolas passam conhecimento, informações. A educação do espírito é missão da família. O DIJ surge como parceiro, aliado nesta tarefa oportunizando um espaço de convivência, reflexão dos postulados espíritas, dos ensinamentos do Cristo. Vem reafirmar nossa responsabilidade como espíritos eternos, cocriadores, auxiliando o desenvolvimento nas crianças e jovens de consciência moral e ética, atitudes de ajuda e cooperação para que se sintam cada vez mais como ser integrante e agente transformador da sociedade e do planeta.
Referências:
DELLORS
, Jaques .Educação um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortes; Brasília,DF:MEC: UNESCO, 2003;
PIRES,
J. Herculano FORMAÇÃO DO NOVO HOMEM; No livro Pedagogia Espírita.
Disponível: http://www.dihitt.com/barra/-formacao-do-novo-homem
Acesso: 22/12/2013
ROSSATO, Ricardo.
Século XXI saberes em construção. Passo Fundo: universidade de Passo fundo
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